Conexão virtual e presencial entre gerações

Autora: Carla Oda
Pesquisadora e Mestre em Psicologia Social e Saúde Mental

Conexão hoje em dia nos remete imediatamente a várias palavras, tais como: tecnologia de comunicação, telefonia, internet, banda larga, fibra ótica, mobile smartphones. Tudo isso nos leva a um imediatismo, ainda que não haja urgência de tempo.

É mais que reconhecido o fato de que o ser humano precisa estar em constante conexão, em relação com o mundo. Mas quais são aquelas privilegiadas por cada um de nós? Quais seriam as opções possíveis, sem que haja a necessidade do imediatismo? Muitas vezes, conexões de maior relevância são aquelas em que a rapidez não nos importa. Talvez uma escolha as que melhor os conforte, sim, conforto, pois a conexão nos liga a algo ou a alguém e, a partir deste ponto, criamos um vínculo…. Vínculo ampara… Amparo nos dá segurança. Procuramos segurança e precisamos dela, assim como do amparo, do vínculo, do conforto.

Hoje vivemos num mundo essencialmente tecnológico e as conexões podem ser virtuais, presenciais ou pretensamente existentes!!! Esta conexão de natureza enganosa pode ocorrer tanto nos encontros virtuais quanto nos presenciais. Na verdade, ela não se estabelece fake. Embora haja a intenção da união, da ligação, não se sabe estar lá para ser visto e reconhecido. E assim a autenticidade da conexão se perde.

A grande diferença entre conexões presenciais e virtuais é a autenticidade da conexão e a presença do indivíduo. Aqui pouco importa se ela é virtual ou presencial. Cada uma delas traz suas vantagens. Mas podemos pensar em desvantagens quando falamos em conexão? Talvez, se esta não for evolutiva ou não tiver o “olhar” que dá sentido ao que está sendo conectado. Na verdade, a forma como as conexões se estabelece importa menos do que saber qual conexão realmente desejamos ter em nossa vida.

Conexões virtuais podem ser ilimitadas e constantes. Cabe a nós refletir o quanto elas nos conectam realmente ao que é expressivo ou o quanto nos desgastam. A tecnologia nos possibilita interação com todos, com tudo e em qualquer tempo ou espaço. Há quem deseje isolamento atrás das conexões virtuais, há quem esteja fisicamente presente e aberto a estabelecer uma conexão, embora “ausente”. Há também conexões estabelecidas por algoritmos e por androides, sem que a pessoa perceba a manipulação a que está submetida. Quantas coisas paradoxais nos levam ao caminho inverso daquele que deveríamos buscar, conexões e vínculos transformadores.

Se há algum tempo convivíamos com duas, no máximo três gerações, hoje convivemos com quatro ou até cinco e, cada uma delas demanda uma atenção especial. O mais maravilhoso é saber que todos dispomos de condições para estabelecer conexões verdadeiras. Aqui pouco importa o segmento etário, o imediatismo exigido, o tempo e sua urgência, o e-mail respondido, o WhatsApp, o Facebook, o Instagram, bem como as abreviações do modismo de tribos que estratificam a sociedade e se fecham, até mesmo isolam os “perdidaços” que são incapazes de decodificar abreviações como #instamood, #tbt, #fbf, #f4f, #diy, #regram, #wcw, #sfs.

Que desafio saber usar as ferramentas tecnológicas a nosso favor e a favor do mundo relacional em que vivemos.

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